Bota Rota é o nome de um pequeno grupo de trekking que desde 2001 percorre vários espaços naturais só para contemplar o que melhor nos dá a Mãe-Natureza: os animais, as plantas, as paisagens, o silêncio e a camaradagem (aproveitamos e damos algum descanso às nossas cara-metade).
Para além da sensibilização para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, este espaço pretende ser uma exteriorização desses momentos vividos pelos elementos que compõem o Bota Rota.
Aqui, podem ler, contemplar e rir das nossas pequenas aventuras, através dos textos e das fotos que, a muito custo, trazemos para casa, pois após grandes distâncias percorridas, até as fotos pesam!
Como ainda não somos profissionais, as nossas actividades são poucas, pequenas e vagarosas. Portanto, não pensem que estão num blog de grandes montanhistas. Apesar de termos alguma experiência, alguns com mais de 25 anos, o objectivo do Bota Rota é viver, saborear, fotografar, conhecer e não ser um papa-quilómetros!
Espero que, neste espaço, consigamos transmitir toda a nossa diversão em campo e que se divirtam com as nossas vivências, que fazem parte desta curta vida, neste maravilhoso planeta a que chamamos Terra.
Jorge Sousa
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Arado - Tribela - Borrageiro - Arado
26 de Junho 2010
Tinha-mos marcado a saída á hora habitual, mas desta vez por infelicidade de uns, má disposição do Jorge Sousa e afazeres por parte de outros, e também para infelicidade dos que participaram, pois foram preservados da companhia e camaradagem dos primeiros.
Assim apenas com um elemento original do Bota Rota, o Francisco Sousa, mais o Quim Mota e o Artur Sousa Lá partimos sem mais delongas pois havia o compromisso de apresentar o Gerês a este Sousa tio do primeiro Sousa e obviamente também do Francisco Sousa. Um veterano do monte e de uma resistência física a toda a prova pois é caçador e isto de bater monte é com ele. Mas o Gerês!!! Aquela serra, a paisagem, a vegetação, a água dos ribeiros e nascentes lá no alto, aquela enorme mole granítica. Francamente eu que conheço o Artur estava em pulgas para ver o seu espanto diante de tal quadro.
Assim e depois do já habitual pequeno almoço na vila, lá partimos para o ponto de inicio do percurso, Cascata do Arado, feitos os preparativos metemos pés ao caminho, estava um dia bom, céu limpo mas não muito quente, depois de alguns metros de estradão metemo-nos mata adentro, mais umas centenas de metros e passamos por uma casa neste paraíso, ainda por cima com piscina e pelos vistos cobiçada por alguns elementos do Bota Rota que já me tinham falado dela. Ai não!!!
Continuar o caminho por esta parte muito florestada depressa fez esquecer “maçã proibida no paraíso”.
Adiante atravessamos uma pequena e rústica ponte toda em pedra sobre o rio do Conho, este rio vai juntar as sua águas, mais a sul, ao rio Fafião logo acima da ponte da pigarreia.
Durante cerca de três quilómetros o nosso percurso fez-se ao longo do vale bastante encaixado deste rio, Conho, assim tínhamos quase sobre as nossas cabeças alguns cumes. O caminho está pouco batido, nalguns sítios perde-se, mas tínhamos um navegador á altura e lá desfazia as dúvidas quando necessário.
Adiante e já com quase duas horas de caminho fizemos uma pausa para recuperar energias, com as habituais barras e alguma fruta. Mais um pouco de conversa e estávamos prontos para continuar. Á frente o dito rio divide-se em dois pequenos arroios que lhe dão origem, isto é formam parte da sua nascente e isto à cota dos novecentos metros e como são muito pequenos não chegam a formar um vale mas sim uma ravina ou vale com uma pendente muito elevada. No meio destes só pode existir uma saliência que nos leva ás cotas mais elevadas a que normalmente se dá o nome de esporão e não havia outra hipótese foi por aí que o nosso guia nos levou, isto é trepar até acima dos mil e duzentos metros.
Lá ia, o Artur, sempre á frente a bater o terreno e á procura das mariolas, que o Francisco lhe tinha dito que indicavam o caminho mas, e quando se cruzavam outros percursos? Mariolas aqui mariolas acolá e mais mariolas além, que confusão! E lá se ouvia o Artur aos berros “Por onde é o caminho?” por aí respondia o Francisco, mas não adiantava dali não saía até o Francisco chegar perto e lhe indicar a direcção certa no meio de tantas mariolas ou então quando não havia nenhuma. Era assim o desfrutar da paisagem pelo Artur – Prá frente que se faz tarde – Lá continuamos, passamos o Coucão e chegámos à Rocalva por volta das doze horas onde paramos para saborear a nossa sandes e descansar um pouco, mas para também para apreciar aquela paisagem deslumbrante, e o ar fresco àquela altitude.
Ali as distâncias confundem-nos! Um planalto tão extenso a mil e duzentos metros e ainda por cima tão verde e água a correr por uma série de valas? E á nossa volta cumes ainda mais altos mil e trezentos, mil e quatrocentos metros e as distâncias uns dos outros? Não é fácil fazer um cálculo.
Depois de embriagados com tudo isto lá seguimos viagem, agora rumo ao Borrageiro via Roca Negra. Sempre do mesmo, o Artur na frente a perseguir as mariolas e quando eram muitas ou então desapareciam, lá vinha a pergunta bem alto, pois já ia longe, “Por onde é o caminho?” e lá respondia o Francisco, depois de consultar as referências no terreno ou o GPS, “por ali”, mais á esquerda ou á direita consoante o caso e lá continuava o seu caminho.
Passamos o Borrageiro e por essa altura, sobre o seu cume, começou a formar-se um chapéu de nuvens escuras que não agouravam nada de bom mas pelo menos soprava uma brisa bem fresca que era um consolo.
Logo adiante, ainda muito perto do Borrageiro, encontramos dois pastores, depois da troca de cumprimentos, como manda o protocolo e a boa educação, o Francisco puxa um pouco a conversa e ficamos a saber que lhes pertenciam uma manada de bovinos que se via a pastar ao longe e que eles, os pastores, permanecem na serra pelo menos uma semana muitas vezes quinze dias antes de serem rendidos por outro.
Depois do protocolo de despedida e mostrado o apreço pelo seu trabalho prosseguimos o caminho em direcção ao Curral do Camalhão. Na descida encontramos um grupo em sentido contrário com intenções de pernoitar no planalto onde tínhamos almoçado. Trocámos informações e indicámos, na carta que levavam consigo, o melhor caminho a seguir pois não tinham nada traçado na carta, os planos estavam na cabeça do guia, se algo lhe acontece… tenho a impressão que os outros não faziam a mínima por onde seguir, também alertámos para o tempo que se preparava lá por cima, e, boa viagem.
Lá passámos o belíssimo vale glaciar Curral do Camalhão ladeado por enormes cumes graníticos e aí já ouvíamos os relâmpagos a estalar lá por cima, ainda esperava alguma chuva o que acabou por não acontecer.
A esta altura, já com umas horas nas pernas e muito esforço em cima dos corpos o Francisco penitenciou-se e esfregando a lâmpada de Aladino fez aparecer á frente dos nossos cansados olhos uma poça melhor que qualquer piscina. Estas poças nestes rios de montanha nunca formam lodo por serem de caudal muito variável e forte de inverno, que limpa o leito, nem tão pouco as rochas têm limo.
Aí conhecemos dois aventureiros daquelas paragens, creio que de Guimarães e pela conversa não conheciam mais nada da geografia deste norte mas o Gerês, esse, era de lés a lés, fio a pavio, e, nos dias de calor não era praia não eram as poças algures no Gerês.
Depois deste retemperador banho foi continuar a descida até à Cascata do Arado que eu já não via há mais de uma dezena de anos e mesmo assim fiquei de olhos arregalados por tamanha beleza, do Artur consegui arrancar um ou dois adjectivos e foi tudo mas é assim somos todos diferentes uns exteriorizam mais do que outros é só.
E assim terminou esta caminhada, pois foi mas não terminou o dia pois o Francisco ainda tinha uma surpresa na manga, antes de deixarmos o Gerês parou num café na Ermida para um curto lanche e eis que o Artur pergunta se tem vinho não é que saiu um tinto fresquinho maravilhoso. Agora sim estava bem finalizado o trekking pelo Gerês.
Foi apanhar o carro e com o Francisco a sofrer mais um pouco com a condução chegamos a casa todos bem.
Nota: Recordo que pelo meio do texto estão umas lamentações pela falta dos companheiros habituais para partilha de toda a beleza e convívio da caminhada. Lamento também não ter levado a máquina fotográfica.
Pela primeira vez em nove anos faltei a uma caminhada do Bota Rota. Fiquei doente na véspera e, no próprio dia, a coisa agravou-se. É que ficava pior sempre que me perguntava: - "A esta hora, onde é que eles estão?" Nunca mais chega a próxima! Abraço a todos. Jorge Sousa
Então conheceram o sr. carvalhal do café, se pedissem um cafezinho, ele tem uma forma singular para saber quando o café esta cheio :), E um lutador um pouquinho irriquieto mas muito boa pessoa, antigamente descia sozinho as "campas" e sabia distinguir as eguas dele, só pelos passos. isso porque nao lhe pediram para tocar concertina, pois tem varios "k7" editadas . Abraço
Refiro a coragem do sr.carvalhal do café :) porque ele é cego desde nascença. e nada o impediu de ter uma vida normal sem privilégios que hje em dia são contantemente exigidos.
Pela primeira vez em nove anos faltei a uma caminhada do Bota Rota. Fiquei doente na véspera e, no próprio dia, a coisa agravou-se. É que ficava pior sempre que me perguntava: - "A esta hora, onde é que eles estão?"
ResponderEliminarNunca mais chega a próxima! Abraço a todos. Jorge Sousa
Então conheceram o sr. carvalhal do café, se pedissem um cafezinho, ele tem uma forma singular para saber quando o café esta cheio :),
ResponderEliminarE um lutador um pouquinho irriquieto mas muito boa pessoa, antigamente descia sozinho as "campas" e sabia distinguir as eguas dele, só pelos passos. isso porque nao lhe pediram para tocar concertina, pois tem varios "k7" editadas .
Abraço
Refiro a coragem do sr.carvalhal do café :) porque ele é cego desde nascença. e nada o impediu de ter uma vida normal sem privilégios que hje em dia são contantemente exigidos.
ResponderEliminarAbraço