Bota Rota

Saudações trekkianas,

Bota Rota é o nome de um pequeno grupo de trekking que desde 2001 percorre vários espaços naturais só para contemplar o que melhor nos dá a Mãe-Natureza: os animais, as plantas, as paisagens, o silêncio e a camaradagem (aproveitamos e damos algum descanso às nossas cara-metade).

Para além da sensibilização para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, este espaço pretende ser uma exteriorização desses momentos vividos pelos elementos que compõem o Bota Rota.

Aqui, podem ler, contemplar e rir das nossas pequenas aventuras, através dos textos e das fotos que, a muito custo, trazemos para casa, pois após grandes distâncias percorridas, até as fotos pesam!

Como ainda não somos profissionais, as nossas actividades são poucas, pequenas e vagarosas. Portanto, não pensem que estão num blog de grandes montanhistas. Apesar de termos alguma experiência, alguns com mais de 25 anos, o objectivo do Bota Rota é viver, saborear, fotografar, conhecer e não ser um papa-quilómetros!

Espero que, neste espaço, consigamos transmitir toda a nossa diversão em campo e que se divirtam com as nossas vivências, que fazem parte desta curta vida, neste maravilhoso planeta a que chamamos Terra.

Jorge Sousa

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O exemplo dos Outros!



Talvez por aproveitarem melhor as oportunidades, ou por uma questão de formação ou ainda, por terem governações mais eficazes, podemos afirmar, utilizando uma analogia futebolística, que alguns países europeus, em matéria de conservação da Natureza e actividades de montanha, jogam na Primeira Liga.
Este, seguramente não é o caso de Portugal! Digo-o com alguma tristeza e desilusão. Apesar de sermos um país evoluído (segundo os nossos governantes), inserido na Comunidade Europeia, a verdade é que nós não jogamos no mesmo campeonato.
Os nossos vizinhos ibéricos, por exemplo. Tenho tido ao longo dos anos, contacto com os “nuestros hermanos”, tanto a nível profissional, como a nível pessoal, e devo dizer que o exemplo mora aqui ao lado.
Por algumas vezes, o Bota Rota deslocou-se a Espanha para visitar as suas áreas protegidas, com o intuito de percorrer alguns dos seus numerosos e magníficos trilhos de montanha à disposição dos caminheiros. Sempre tivemos documentação disponível nos centros interpretativos, grande facilidade em pernoitar, quer em parques de campismo, quer no decurso das caminhadas e, mais importante… liberdade para caminhar! A custo zero!
Há alguns dias, contactamos os serviços do Parque Nacional Peneda – Gerês e, simultaneamente o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade.
Todos os elementos do Bota Rota, estão minimamente informados sobre as recentes alterações na legislação acerca das nossas áreas protegidas mas, a abordagem foi mais “naif”: Dois dos elementos pediram, a nível particular, às referidas entidades, explicações como se não soubessem de nada.
As respostas não tardaram. Devo reconhecer que, neste aspecto, a coisa funcionou.
Diferentemente de Espanha, o conselho destas duas entidades foi, claramente orientado, para a realização de “percursos de ambiente rural”. Estes percursos não carecem de qualquer tipo de autorização, logo não estão sujeitos à taxa, no valor mínimo de 150.00 €. Por exemplo, foi-nos desaconselhado o “Trilho da Peneda” (um percurso de ambiente natural) que, apesar de ser um trilho homologado, “apresentava alguns problemas de manutenção”.
Eu até reconheço que estes “percursos de ambiente rural” são interessantes, numa perspectiva sócio-cultural, com a família e amigos ou para as pessoas que visitam pela primeira vez o PNPG. O problema é que nós somos caminheiros, montanheiros, etc., etc. Nós queremos mais! E não é por sermos exigentes. Os nossos governantes é que não sabem o que é o montanhismo, o que é trekking. Para eles, os “percursos em ambiente natural”, como eles os classificam, são para as empresas de actividades ao ar livre. Essas empresas também pagam uma taxa para lhes permitir laborar nestas áreas restritas durante o ano, mas também têm lucros. Supostamente, podem pagar. O cidadão comum, que toda a vida caminhou pelas montanhas, os Escuteiros, as associações de desportos de montanha, se não puderem pagar, devem encaminhar as suas actividades para essas empresas, como carneirinhos para o matadouro.
Tenho falado com alguns amigos da blogosfera e sinto que o sentimento generalizado é que, após a famosa manifestação de Dezembro de 2009, as vozes calaram-se, como se a questão estivesse resolvida. Mas não. A Lei só foi temporariamente suspensa e, após um adormecimento de três meses, os nossos legisladores avançaram com uma nova portaria que, de diferente só tem o nome.
Será que somos assim tão poucos? Não temos expressão? Será que somos assim tão benevolentes? Será que, ao contrário dos nossos irmãos de Espanha, não merecemos conhecer? Desfrutar? Preservar?
Bem, quanto a conhecer, desfrutar e preservar, a minha resposta, e certamente, a vossa, só pode ser afirmativa. Temos esse direito e, principalmente, essa responsabilidade.
Para isso, resta-nos lutar pelos nossos direitos. Aos nossos políticos, só lhes peço que sigam os bons exemplos dos países que “jogam na Primeira Liga”.    Jorge Sousa

1 comentário:

  1. Não somos poucos e certamente que a lita contra estas taxas continua. O problema é que depois da manif de Dezembro de 2009 (de facto organizada por pessoas a nível individual), a bola deveria ter passado para o campo das federações e associações. O que se viu depois disso? Tirando as vaidades e as fotos com os famosos no dia da manif, pouco ou nada se fez ou pouco ou nada se soube do que se fez, mas de qualquer das formas o resultado está á vista.

    É pena que muita gente se tenha acomodado e que continuem a remoer deitados à sombra da bananeira.

    Vamos à luta!!!

    Grande abraço!

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