Bota Rota

Saudações trekkianas,

Bota Rota é o nome de um pequeno grupo de trekking que desde 2001 percorre vários espaços naturais só para contemplar o que melhor nos dá a Mãe-Natureza: os animais, as plantas, as paisagens, o silêncio e a camaradagem (aproveitamos e damos algum descanso às nossas cara-metade).

Para além da sensibilização para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, este espaço pretende ser uma exteriorização desses momentos vividos pelos elementos que compõem o Bota Rota.

Aqui, podem ler, contemplar e rir das nossas pequenas aventuras, através dos textos e das fotos que, a muito custo, trazemos para casa, pois após grandes distâncias percorridas, até as fotos pesam!

Como ainda não somos profissionais, as nossas actividades são poucas, pequenas e vagarosas. Portanto, não pensem que estão num blog de grandes montanhistas. Apesar de termos alguma experiência, alguns com mais de 25 anos, o objectivo do Bota Rota é viver, saborear, fotografar, conhecer e não ser um papa-quilómetros!

Espero que, neste espaço, consigamos transmitir toda a nossa diversão em campo e que se divirtam com as nossas vivências, que fazem parte desta curta vida, neste maravilhoso planeta a que chamamos Terra.

Jorge Sousa

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sirvoselo – Fonte Fria – Sirvoselo

11 e 12 de Setembro 2010
Estava a ver que este dia nunca mais chegava!
Tinha faltado à última caminhada por me ter dedicado a uma intoxicação alimentar. Estive de férias, de papo para o ar, a trabalhar para o bronze, durante duas longas semanas. O bichinho já roía, cá dentro!
Bem cedo, rumamos em direção ao PNPG, com paragem na aldeia de Paradela, bem perto do nosso destino: Sirvoselo. Em Paradela, tomamos o pequeno almoço no “café Benfica”. Não, não foi frango! Simplesmente, uns cafés, meias de leite e sandes a acompanhar.
Mais compostos, chegamos cheios de energia ao nosso local de partida.
Depois de equipados e com a casa às costas, pusemos pés a caminho, em direcção a norte ladeando a albufeira da barragem de Paradela, que represa o rio Cávado.
O tempo estava bom e adivinhava-se muito calor pelo caminho. O trilho, esse seria sempre a subir.
Paramos na Gafaria para comer alguma coisa. Encontramos uma casa com uma ramada cheia de uvas americanas, que adoro e já não comia há algum tempo. Bem, a sobremesa já estava destinada!
O local, debaixo da dita ramada estava equipado com bancos, mesas, água corrente e, debaixo da bica, submersas, estavam meia dúzia de cervejas e uma Coca-Cola, a refrescar! Era uma tentação para um grupo de caminheiros esquentados pelo sol. Mas, como somos todos bons rapazes, resistimos à tentação: as loiras e a morena ficaram intactas, à espera dos respectivos donos.
Continuamos a subida, acompanhando assim, a temperatura. À nossa frente, no cimo do promontório rochoso, estava a capela de S. João, pequena, vestida de branco, imaculada…
Nesta zona ainda se vêem bonitas e refrescantes manchas de carvalhal, onde se notava perfeitamente, o descer do termómetro.
Contornamos o promontório da capela de S. João pelas partes este e norte. No Carvalhal do Teixo, enchemos as nossas garrafas na Corga da Tulha e começamos a subir em direcção ao Carvalhal do Fosso. Mais à frente, em Fornos, acampamos.
No dia seguinte, depois da alvorada e do pequeno almoço, arrumamos as coisas e iniciamos a caminhada. Neste segundo dia, o percurso seria mais longo. Pela frente tínhamos a Fraga de Brazalite e o pico de Fonte Fria.
O caminho revelar-se-ia fácil, no entanto, mesmo à nossa frente, obstruindo o único caminho de progressão estava uma manada de gado bovino, pacatamente a tomar a sua refeição.
Nestas ocasiões, entra o especialista em “psicologia animal” (a minha pessoa) para abrir caminho! Tarefa cumprida, caminho desobstruído, (este gajo é mesmo bom!). Mais um pouco e chegamos ao sopé da Fonte Fria. Deixamos as mochilas, o Janu e o André ficaram a guardá-las e, os outros foram ao cume, ao marco geodésico que também é um marco fronteiriço. Umas fotos para a posteridade e voltamos para baixo, que se faz tarde.
O nosso rumo mudou para sudoeste, sempre ao longo da linha fronteiriça, a água era escassa. Nestas bandas, em Setembro, não é fácil arranjar água.
Ao início da tarde, paramos para comer alguma coisa. Nesta altura já a água era a conta gotas e dez minutos depois, estava-mos outra vez a caminhar.
Encontramos um fio de água que desaguava numa pequena poça. Foi o suficiente! Bebemos, enchemos as garrafas e refrescamo-nos na bendita poça. A partir desta altura, a moral das tropas passou a ser outra. Houve quem desabafasse:
- Se encontrasse aquele balde com as cervejolas lá dentro, desta vez não escapavam!
Pois é, a honestidade depende do nosso bem-estar.
A albufeira já se avistava, logo à frente de Pitões das Júnias. Pelo caminho, avistamos alguns garranos em local privilegiado a contemplarem as águas.
Antes de Pejeiroz, atravessamos um rio. Na outra margem, tiramos a roupa e… não perdoamos!
Sujamos a água toda!
Um banho destes recupera qualquer caminheiro. Como novos, não antes de nos vestir, continuamos  o que restava da caminhada. Chegamos ao carro ao final da tarde, depois de 41 Km. (ainda há quem não saiba que fez tantos).
Fomos até Paradela para uma bebida e rumamos para casa, pois já anoitecia.
Foi uma caminhada dura, com um relevo difícil mas rodeado de companhia de primeira. A todos eles, aproveito para lhes mandar um abraço.
Jorge Sousa

2 comentários:

  1. Que maravilha, que bela caminhada e que belo relato... Sim senhor PARABENS!!!! So espero que o percurso foi sempre feito em trilhos, porque eles estão là... e nos temos de os manter;)

    Na Gafaria não cruzaram com a Odile? Uma senhora de idade francesa que viva ali ja ha mais de 20 anos... e um casal de Almães mas esses so estão là a tempo inteiro a cerca de 5 anos...
    A Odile é uma senhora fantastica um pouco desconfiada mas depois de aguns minutes de conversa revela-se uma senhora muito hospitaleira...

    Bem, mais uma vez Parabens pela escolha do percurso que é Magnifico.

    Beijinhos
    Dorita

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  2. Ola Dorita.
    Obrigado pelo teu comentário.
    Claro que andamos sempre nos caminhos, apesar de estes, em alguns locais, estarem muito fechados.
    Bjs,
    Jorge

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